Reposicionamento de fármacos para tratamento de infecções causadas pelo Complexo Mycobacterium abscessus
Nas últimas décadas, observa-se um aumento crescente de infecções causadas pelo complexo Mycobacterium abscessus (MABSC), sobretudo em indivíduos com imunossupressão. Estas infecções são tratadas com antibioticoterapia combinada que, em geral, tem efeito limitado e controverso. O custo econômico para o tratamento destas infecções é expressivo, a taxa de recorrência é frequente, existe risco de toxicidade, disseminação da doença e, eventualmente, pode culminar em morbidade e mortalidade. Desta forma, é necessário o desenvolvimento de novos fármacos que possam ser aplicadas ao tratamento de infecções causadas por MABSC. Porém, o processo de pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos é complexo, exige alto investimento financeiro e pode apresentar riscos. Neste sentido, o reposicionamento de fármacos torna-se uma alternativa para identificação de fármacos já aprovados, ou em fase de investigação, que apresentem maior eficácia e segurança para tratamento de infecções causadas por MABSC. Avanços nas áreas das ciências ômicas e o aumento da disponibilidade de ferramentas computacionais de quimiogenômica tem viabilizado o reposicionamento de fármacos. Apesar disso, poucos estudos sobre reposicionamento de fármacos para tratamento de infecções causadas por MABSC foram realizados até o momento. Neste sentido, a RGPTB se dedica a realização de abordagem computacional para identificar fármacos aprovados ou em investigação com potencial para reposicionamento de fármacos para tratamento de infecções por MABSC. Estes fármacos são, então, testados in vitro e in vivo e, se demonstrada atividade contra MABSC, são investigados por docking molecular a partir de colaboração com grupo do Laboratório de Quimioinformática (LabChem - UFG) coordenado pelo Dr. Bruno Junior Neves. Os fármacos identificados, testados e com potencial para reposicionamento podem servir como modelos de estrutura (scaffolds) para o planejamento e síntese de análogos estruturais com maior potência, seletividade e permeabilidade na estrutura de MABSC.
Texto escrito por: Laura Raniere Borges dos Anjos